Nesta quarta-feira (28) é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Apesar de ter programação especial para o mês, produção cultural da comunidade no DF encontrou formas de se fazer presente durante todo ano
O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é celebrado no mundo todo nesta quarta-feira (28). Como forma de comemorar a data, inúmeros lugares recebem uma programação cultural especial, que mobiliza os produtores a planejarem eventos voltados para a comunidade LGBTQIA+.
No Distrito Federal, apesar de os meses de junho e julho contarem com uma forte programação, a cultura LGBT encontrou maneiras de permanecer viva no “quadradinho” durante o ano todo. Divididos entre festas, intervenções e festivais, os produtores brasilienses observam transformações no cenário de eventos e projetam o futuro cultural, apesar da dificuldade que ainda persiste para a comunidade.
Diferentes lados da cultura
Igor Albuquerque, de 31 anos, conta que começou a produzir eventos em 2015, guiado por duas vontades. A primeira era mudar o cenário econômico da vida noturna, que era muito caro e inviável para algumas pessoas. A segunda era trazer eventos destinados à comunidade LGBT para o centro da capital federal.
“Eu enxergo grandes mudanças desde então. Eventos como a ‘Balada em Tempos de Crise’, que eu produzo, levaram entretenimento gratuito para lugares públicos inusitados de Brasília, que foram amplamente dominados pela comunidade LGBT”, diz ele.
Para Igor, o cenário cultural mudou, o que tem transformado a recepção do público em vários sentidos.
“Mais que nunca sinto que a presença de LGBTs em eventos não focados ao público não é mais um incômodo. Pelo menos em Brasília, no Plano Piloto, os eventos estão cada vez mais misturados, e eu penso que esse é o futuro”, aponta Igor.
O produtor cultural conta ainda que o receio de fazer parte da comunidade LGBT e frequentar um evento é cada vez mais incomum. Ele projeta que as festas continuarão a agregar “por afinidade musical” e não apenas por orientação sexual ou de gênero.
Por outro lado, a drag queen e produtora LuShonda vê que nem todo lugar tem a mesma facilidade em receber eventos voltados para o público LGBT.
“Brasília é uma cidade muito fria e conservadora. Até hoje ainda é complicado implementar produções para a comunidade em determinados locais do DF”, diz LuShonda.
Entretanto, ela conta que fazer parte da comunidade LGBT e trabalhar com eventos focados para esse público “é o combustível”. “A gente vive todo dia essa realidade e, apesar de algumas pessoas desacreditarem da nossa superação diária, é ela que nos dá forças para produzir entretenimento para a nossa própria comunidade”, reflete a drag.
LuShonda também afirma que é necessário lembrar das outras letras da sigla da comunidade (veja significado mais abaixo).
“Muitos eventos voltados para a comunidade LGBT levam em conta somente a comunidade gay e trans. Acho que falta também que o restante da sigla se faça presente nessa área de produção para que novos festivais e eventos sejam criados e fiquem na cidade durante todo o ano”, diz.
Recepção do público
Apesar das dificuldades nos bastidores, o retorno para o público tem sido cada vez mais interessante. De acordo com o estudante Luis Mayer, de 19 anos, os eventos no Distrito Federal sempre foram muito “nichados” dentro de cada região. Para ele, nos últimos tempos, a produção conseguiu alcançar novas “bolhas culturais”.
O estudante ainda pontua a necessidade de celebrar a existência e as conquistas da comunidade LGBTQIA+ em todos os meses.
“A produção voltada para a comunidade LGBT mostra que estamos aqui e merecemos ser lembrados durante o ano todo, não só em junho”, diz Luis.
O estudante aponta que, para mudar esse cenário, é preciso pensar em narrativas além do Dia do Orgulho, principalmente pelos eventos serem uma espécie de refúgio para a comunidade. “É preciso se movimentar para que a gente mude a narrativa da comunidade LGBT diariamente. Trazer artistas novos para ocupar festivais que já acontecem, por exemplo, sempre será um marco para nós, para mostrar que estamos alcançando espaços que antes não alcançávamos e estamos contando novas histórias”, reflete.
Programe-se e celebre!
❤️ 24ª Parada do Orgulho LGBTS de Brasília: 9 de julho, às 14h, no Congresso Nacional
🧡 Cidade Orgulho – Obras arco-íris pela cidade: de 28 de junho a 9 de julho, em pontos de Brasília
💛 Pódio Arco-íris – Disputa esportiva de vôlei, queimada e futebol: 1º de julho, às 10h, na Praça do Bosque, na Candangolândia
💚 Bike Sapatão – Edição Orgulho: 2 de julho, às 8h, no Estacionamento 11 do Parque da Cidade
💙 Orgulhe-se: Ele Morreu por Nós – Ato interreligioso: 7 de julho, às 18h, no Museu Nacional
💜 Mercado Borboleta – Feira de empreendedorismo LGBT, cidadania e cultura: 8 de julho, das 10h às 18h, no Viaduto da Galeria dos Estados
❤️ Exposição fotográfica das paradas LGBT: de 24 de junho a 9 de julho, no Boulevard Shopping
Significado de cada letra da sigla LGBTQIA+
- L: lésbica, mulher que se identifica como mulher e tem preferências sexuais por outras mulheres;
- G: gay, homens que se identificam como homem e têm preferências por outros homens;
- B: bissexual, que têm preferências sexuais por ambos os gêneros;
- T: transexuais, travestis, transgêneros e não binário, que são pessoas que não se identificam com os gêneros masculino ou feminino atribuídos no nascimento com base nos órgãos sexuais;
- Q: questionando ou queer, palavra em inglês que significa “estranho” e, em alguns países, ainda é usado como termo pejorativo. É usado para representar as pessoas que não se identificam com padrões impostos pela sociedade e transitam entre os gêneros, sem concordar com tais rótulos, ou que não saibam definir seu gênero/orientação sexual;
- I: intersexuais, que apresentam variações em cromossomos ou órgãos genitais que não permitem que a pessoa seja distintamente identificada como masculino ou feminino. Antes, eram chamadas de hermafroditas;
- A: assexuais, são aqueles que sentem pouco ou nenhuma atração sexual pelos gêneros;
- +: todas as outras letras do LGBTT2QQIAAP, que não para de crescer 🏳️🌈.
Fonte: G1