Evento realizado de quatro em quatro anos marca reinvindicações de mulheres do campo e da floresta. Nesta edição, temas giram em torno da erradicação da fome, crise ambiental, violência contra mulheres e desigualdades
Cerca de 100 mil mulheres se reúnem em Brasília nesta terça (15) e quarta-feira (16) para a 7ª Marcha das Margaridas. O evento, que é feito de quatro em quatro anos, traz para a capital federal as pautas políticas das mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades.
A última edição foi em 2019. Desta vez, o lema é “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.
Na quarta-feira, a partir das 7h, as mulheres saem do Parque da Cidade e percorrem a Esplanada dos Ministérios. Além da manifestação, atividades como plenárias, apresentações culturais, oficinas e rodas de conversa ocorrem no Parque da Cidade (veja mais abaixo como fica o trânsito e a programação do evento).
Origem da Marcha
A marcha surgiu da luta de Margarida Maria Alves, uma mulher trabalhadora rural nordestina e líder sindical, que rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.
Ela foi assassinada na porta da sua casa, no dia 12 de agosto de 1983. No ano em que se completam 40 anos da morte da trabalhadora rural, por meio de diálogos regionais, as mulheres traduziram as principais proposições em torno de quatro pontos para o encontro:
- Erradicação da fome
- Injustiças e crise ambiental
- Violência contra as mulheres
- Acirramento das desigualdades
O documento, com 52 páginas, traz 13 eixos para sugerir o desenvolvimento de políticas públicas para as mulheres. A proposta foi entregue ao governo federal durante reunião com as ministras de Estado, no Palácio do Planalto, em 21 de junho.
“Mostra que a gente continua firme na luta pelos nossos direitos, pela democracia, por justiça social, na luta pelo combate ao fim da violência contra as mulheres, por saúde, educação”, destaca a secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora-geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais
A coordenadora afirma que espera, no encerramento da marcha, um posicionamento do governo federal com propostas de políticas públicas para as mulheres que contribuam para a construção de um Brasil mais igualitário, “onde as mulheres sejam respeitadas e reconhecidas como sujeitas de direitos, nos seus diversos territórios”, diz ela.
O evento é coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), pelas Federações e Sindicatos filiados e por 16 organizações parceiras.
Quais são os 13 eixos políticos da Marcha das Margaridas de 2023?
- Democracia participativa e soberania popular;
- Poder e participação política das mulheres;
- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;
- Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade;
- Proteção da natureza com justiça ambiental e climática;
- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;
- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios – que são territórios e comunidades influenciados pela maré;
- Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns;
- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;
- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;
- Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária;
- Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo;
- Universalização do acesso à internet e inclusão digital.
- Confira aqui a pauta completa
Quem são as mulheres?
As “Margaridas”, como se denominam, “são muitas em uma”, diz a organização do movimento:
“Mulheres da classe trabalhadora, mulheres rurais, jovens, negras, lésbicas, trans, agricultoras familiares, camponesas, indígenas, quilombolas, assentadas, acampadas, sem-terra, assalariadas rurais, extrativistas, quebradeiras de coco, catadoras de mangaba, apanhadoras de flores, ribeirinhas, pescadoras, marisqueiras, coletoras, caiçaras, faxinalenses, sertanejas, vazanteiras, retireiras, caatingueiras, criadoras em fundos de pasto, raizeiras, benzedeiras, geraizeiras, entre tantas outras.”
Durante os dois dias de estadia na capital do país, as mulheres, que em grande maioria chegam de ônibus a Brasília, ficam no alojamento organizado no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. A organização vai oferecer café da manhã, almoço e jantar para o grupo.
Alterações no trânsito
Veja como fica o Eixo Monumental
🚨 Na quarta-feira, a partir das 7h, três faixas da S1 fecham para o trânsito da saída do Parque da Cidade até a Catedral Metropolitana
🚨 A partir da Catedral, tanto a S1 quanto a N1 têm o trânsito bloqueado
Confira a programação
Terça-feira (15)
- 9h: Sessão solene e homenagem à Marcha das Margaridas no Senado;
- 10h às 12h: Plenárias, painéis temáticos e oficinas no Pavilhão do Parque da Cidade
- 14h às 16h: Plenárias, seminários, rodas de conversas e oficinas temáticas no Pavilhão do Parque da Cidade
- 17h: abertura político-cultural da 7ª Marcha das Margaridas no Pavilhão do Parque da Cidade
- 20h: Noite cultural no Pavilhão do Parque da Cidade
Quarta-feira (16)
- 6h: Concentração da Marcha das Margaridas – em frente ao Pavilhão do Parque da Cidade
- 7h: Saída da marcha em direção ao Congresso Nacional
- 10h30: Ato de encerramento – em frente ao Congresso Nacional com a presença do Presidente Lula
- 12h30: Almoço e retorno das delegações
- Confira aqui a programação completa
Marcha das Margaridas 2023
- Data: 15 e 16 de agosto de 2023
- Dia 15 (o dia todo): Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade.
- Dia 16, às 7h: Marcha com saída do Pavilhão do Parque da Cidade em direção à Esplanada dos Ministérios.
Fonte: G1