Turismo náutico na berlinda

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Possível caso de estupro de vulnerável em um barco de passeio no lago Paranoá abala o setor náutico brasiliense e chama a atenção das autoridades

A prisão em flagrante do acusado de estupro de vulnerável, o marinheiro Jacson dos Anjos Oliveira, desencadeada pela polícia civil no dia 19/03, ocorreu de forma rápida e sem espetáculo por parte da Polícia Civil do Distrito Federal.

Após uma célere investigação, comandada pelo delegado-adjunto Maurício Iacozzilli e sua equipe da 10ª Delegacia de Polícia do Lago Sul, ao receberem a denúncia da família do menino vitima de atos libidinosos, foi determinante para que o “tarado do barco” não tivesse tempo e nem ajuda de terceiros para escapar do flagrante.

O Delegado-adjunto Mauricio Iacozzilli e sua equipe policial da
10a Delegacia foram agéis na prisão do acusado Foto: Reprodução

De posse das informações, Iacozzilli e sua equipe se dirigiram ao Pontão do Lago Sul, onde os familiares da vitima disseram ter feito o passeio de barco.  Ao chegarem no local e identificarem o proprietário da embarcação, o barqueiro Stalma Ribeiro Damasceno Filho, os policiais conseguiram chegar ao acusado, o marinheiro Jacson dos Anjos Oliveira (22), que estava retornando de um outro passeio no barco RentMe IV de propriedade de Stalma. Nesse exato momento, sem alarde e com firmeza, o delegado deu voz de prisão ao suspeito.

Um dia que seria para um simples passeio em família, navegando na calmaria das águas do Lago Paranoá, se tonou uma tempestade para o inocente garoto, sua mãe e avó.

Segundo informações apuradas pela reportagem, Jacson trabalhava como marinheiro no lago brasiliense, há pelo menos quatro anos, e nem de longe passava para os seus colegas de profissão, a impressão de ser um individuo com tantas ranhuras na alma, para cometer tais delitos. Na interpretação dos investigadores, o acusado é dissimulado e calculista.

Embarcação RentMe IV onde foi preso, em flagrante, o acusado de estupro de vulnerável, Jacson dos Anjos Oliveira – Foto: Divulgação

Segundo a família, se o menino não tivesse se manifestado com dores nas genitálias, tudo iria se perder no tempo e o “tarado do barco” continuaria praticando seus atos libidinosos em outras vítimas.

A notícia caiu como uma bomba no setor náutico brasiliense e se espalhou pela mídia de forma avassaladora, com repercussão em nível nacional. Em apenas 24h após as primeiras reportagens, uma outra família da cidade de Belo Horizonte-MG contratou um advogado em Brasília, na segunda-feira 20/03, para denunciar o marinheiro tarado. A família mineira alega que em janeiro de 2023, em férias na capital federal, também utilizou a mesma embarcação e que, uma outra criança de apenas 5 anos também pode ter sido bolinada pelo covarde pedófilo.

Mesmo sendo incomum, essa história não se confunde com tantas outras denúncias de abuso de vulnerável, espalhadas pelo Brasil e pelo mundo afora. Pois é de longe, descaradamente, uma das mais audaciosas e escabrosa ação pedofila consumada de forma ardilosa, em um ambiente totalmente aberto, ao lado dos familiares e passageiros. Uma audácia tamanha, que é impossível encontrar precedentes para uma simples comparação.

De acordo com a Polícia, a tática usada pelo acusado era colocar a criança no colo, para simular que estava ensinando o pequeno a dirigir. Nessa trama, ele conquistava a confiança da ingênua criança e, principalmente, de seus familiares. E na onda de um bom samaritano, o perversor se aproveitava de cada segundo para tocar as partes intimas da vitima.

O “tarado do barco”, preso temporariamente por 30 dias na carceragem da polícia civil na sede da PCDF no Parque da Cidade, vai aguardar a manifestação da justiça para tentar, de alguma forma, através de sua defesa, escapar de uma pena, caso comprovada a sua culpabilidade, que varia, conforme o Código Penal, entre 9 a 15 anos de prisão, sem considerar os agravantes.

O estupro de vulnerável, conforme descrito no CPP, se materializa como conjunção carnal, bem como dos atos libidinosos, acometidos com menores de 14 anos, independente de seu consentimento. Considerado crime hediondo é um dos mais violentos previstos no Código Penal.

Turismo náutico sofre baque

Após a onda de notícias sobre o caso, o setor náutico, conforme o presidente da Associação Náutica Esportiva e do Turismo de Brasília – Asbranaut, João Carlos Bertolucci vem sendo prejudicado a cada notícia publicada na mídia sobre o assunto. Ele afirma que tudo que norteia o lago Paranoá nas atividades náuticas, esportivas e do lazer, tem uma ligação direta com o turismo náutico.

“Uma notícia como essa, causa grande prejuízo para todo o setor. Mas, o mais afetado é o turismo náutico. Afinal de contas, tudo aconteceu dentro de um barco de passeio”, afirma Bertolucci.

Para ele crimes como estes tem repercussão capilar na sociedade, deixando as pessoas mais atenciosas e menos propensas a se aventurarem em um lazer manchado dessa forma. Para ele, as mulheres são as mais abaladas com este tipo de notícia. Como são elas a decidirem qual o lazer para os seus filhos, acabam renegando aquele que, de uma alguma forma, deixa uma macula aparente.

“Na prática, as mães definem o dia-a-dia da vida das crianças, seja dentro de casa, na escola ou no lazer. Quando acontece esse tipo de evento, onde o sujeito principal na história macabra é uma criança, lógico que a mãe vai torcer o nariz para esse tipo de diversão”, conclui o presidente da Asbranaut.

Autoridades do GDF se manifestam sobre o caso

Por meio de mensagem via WhatsApp, o Secretário de Estado da Secretaria de Projetos Especiais (SEPE), Roberto Andrade, disse ser lamentável o ocorrido e “demonstra que esse ser humano tem falta de Deus no coração”.

A Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal, se manifestou através de nota, afirmando que o secretário, Cristiano Araújo, “repudia com veemência o ato de abuso infantil, ocorrido no último dia 19/03, dentro de uma embarcação de turismo no Lago Paranoá, e ressalta que a fiscalização e controle de embarcações não estão ligadas à pasta. Contamos com o trabalho eficaz da Marinha e da Polícia Civil, para a conclusão do caso”.

Secretário de Turismo do Distrito Federal, Cristiano Araújo – Foto: Divulgação

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