Um pedido aberto de voto para o advogado Cléber Lopes, pré-candidato à OAB-DF, pode prejudicar os planos do ungido pelo governador no pleito de novembro. Durante evento realizado na última semana, Ibaneis Rocha destacou que 2024 é um ano eleitoral e deixou claro o seu candidato. “Quero lembrar aos advogados que esse ano nós temos eleições de Ordem (…) por isso, o voto tem que ser em Cléber Lopes”, declarou.
O pedido configura campanha antecipada, o que é vedado pela OAB. De acordo com a Provimento 161/14: “A propaganda eleitoral, que só poderá ter início após o pedido de registro da chapa, deve manter conteúdo ético de acordo com o Estatuto e demais normas aplicáveis, tendo como objetivo apresentar e debater ideias relacionadas às finalidades da OAB e aos interesses da advocacia”. Em termos práticos, a campanha tem um prazo de 45 dias.
Cléber é advogado criminalista do governador, de boa parte da cúpula do GDF e de parlamentares da CLDF. A candidatura é apontada como, no mínimo, complexa, tendo em vista o papel fundamental da Ordem em casos de pedido de investigação e cassação de políticos.
Em 2001, a entidade pediu a cassação de Arruda após violação do painel de votação do Senado. Em 2009, foi da OAB o pedido de impeachment de Arruda e de cassação dos mandatos de oito distritais no escândalo da Caixa de Pandora. O mesmo se repetiu em 2016, culminando com a saída de Dilma Rousseff da Presidência da República.
Mais que um pedido de apoio antecipado, o gesto de Ibaneis acende o sinal de alerta sobre a importância da uma OAB menos comprometida com a política e mais preocupada com os interesses da advocacia.
