Queda-d’água fica localizada a 30 km do centro de Brasília e é cercada pelo bioma Cerrado; para ter acesso, é preciso encarar trilha de cerca de 2 km
O Parque Ecológico do Tororó alcançou o patamar mais alto na avaliação de balneabilidade realizada pelo Instituto Brasília Ambiental. O teste verifica a presença da bactéria E. coli – comum no intestino humano – e o pH da água. Dependendo do resultado, a área pode ser considerada inapta para uso e até interditada. O que não é o caso da cachoeira do Tororó: além de bela, a atração apresenta o nível adequado de pH e quase nenhum registro da bactéria analisada.
A verificação da balneabilidade ocorre desde março. Até o momento, já foram feitas oito campanhas e encontra-se em andamento a referente ao mês de julho. Também são estudadas as condições da Cachoeira do Vale Perdido, localizada no Parque Ecológico dos Pequizeiros, em Planaltina.
“É preciso que a gente saiba a qualidade da água, para não gerar nenhum problema de saúde aos frequentadores”, afirma o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer. “A ideia é que possamos estender esse estudo para outras cachoeiras, dentro das unidades de conservação ambiental, para agregar aos trabalhos já realizados por outros órgãos.”
Do total de análises executadas nas duas cachoeiras, 80% indicaram excelência em relação à balneabilidade. A avaliação segue os limites e metodologia expressa na Resolução Conama nº 274, de 29 de novembro de 2000. A classificação abrange três classes: excelente, muito boa e satisfatória. Ou seja, as atrações brasilienses possuem o patamar mais alto de condição de uso.
Segundo a assessora técnica da Diretoria de Conservação, Recursos Hídricos e Fauna do Brasília Ambiental, Renata Mongin, o estudo ajuda a manter as cachoeiras preservadas, já que, identificado algum problema, podem ser elaboradas ações de reparação. “Este é um projeto de compensação ambiental que vai seguir por três anos, e a análise é feita de 15 em 15 dias”, informa.
Conheça
O Tororó fica a 30 km do centro de Brasília, próximo ao Jardim Botânico, Santa Maria e São Sebastião. O acesso à cachoeira é feito por uma estrada de terra a partir da rodovia DF-140. O último ponto até o qual é possível ir de carro é um estacionamento, localizado em uma área privada – portanto, pode haver cobrança de taxa. Depois, há uma trilha de cerca de 2 km, com alguns pontos íngremes, mas considerada de nível iniciante.
A cachoeira tem 18 m de altura e é cercada pelo bioma Cerrado. Para a nutricionista Natasha Ramos, 37, a recompensa faz a caminhada valer a pena. Moradora do Gama, ela aproveitou as férias escolares e levou os filhos Gustavo, 9, e Milena, 5, para conhecer a queda-d’água. “Vi fotos na internet e pensei: ‘porque não?’”, conta. “Estávamos precisando desse contato com a natureza. Achei a trilha tranquila, mas, vindo com crianças, precisa ter um pouco mais de atenção, principalmente na parte final”.
Segundo o auxiliar de serviços gerais Jandeilson Santos, 29, o Tororó é o destino ideal para uma quinta-feira ensolarada. “Gosto bastante e vou sempre que tenho um tempo disponível. É ótimo para descansar, se distrair da rotina”, conta. Na visita mais recente, ele convidou os amigos Tiago Lima, 21, atualmente desempregado, e o estudante William Ribeiro, 29. “É a primeira vez que venho, e com certeza vou voltar”, diz Tiago, ao que William acrescenta: “Eu já tinha vindo aqui e, quando conheci, fiquei surpreso com a beleza da cachoeira. É um ambiente aconchegante, bem-preservado”.