Começou em pleno feriado carioca de São Jorge a edição 2019 do Rio2C, versão ampliadíssima do
Rio Content Market, que começou em 2010. A ampliação se deveu à intensa participação, já desde o
ano passado, de players da área de games, de música e da indústria da propaganda, por meio de
seus atores no branded content. Esse crescimento transformou o mix de conferência, exposição e
festival no maior evento da indústria do audiovisual, da inovação e da comunicação da América
Latina. O nome acabou surgindo a partir de um trocadilho em inglês. A Rio Creative Conference
acabou virando RIO2C (em inglês pronuncia-se como Rio to see, que tem entre suas traduções
possíveis, “O que se ver no Rio”).
Contrariando a falsa impressão de que carioca leva a vida na praia, o evento começou
concorridíssimo, sem dar bola para o feriado que levou milhões às igrejas e aos terreiros para
festejar São Jorge. Claro que a organização sofreu com a fila enorme de participantes que
resolveram chegar meio em cima da hora das primeiras palestras. Isso acabou causando grande
atraso na entrega de passes e credenciais. Quem se preveniu e chegou mais cedo não teve
problemas. Também é óbvio que alguns espaços, como o Brain Space, da área de inovação, são mais
disputados, e quem não entrar em fila corre o risco de não conseguir lugar.
Uma das atrações do primeiro dia foi uma conversa aberta com Marcius Melhem, do elenco da Rede
Globo, onde também atua como roteirista e idealizador de programas e atrações. Uma grande
oportunidade para troca de experiências com um dos inovadores do mercado de comunicação.
Mostrando sua ousadia, marcante desde o início de sua carreira, Marcius recomendou aos jovens
presentes que nunca tenham medo de enfrentar os executivos. “Eles descobrem e apontam
problemas, mas cabe a vocês apresentar a solução”, disse Melhem.
Em espaço que leva o nome Brazilian Content, o representante da Ancine Adam Muniz deu boas
vindas às delegações internacionais que vieram para o RIO2C. O Brazilian Content é fruto de uma
parceria entre a Brasil Audiovisual Independente (BRAVI), a Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura
(SAv/MinC). Entre suas metas, está a promoção de novas oportunidades de coprodução e
exportação de conteúdo audiovisual para produtores brasileiros independentes. Em sua exposição,
o Assessor Internacional Adam Muniz apresentou para uma plateia multinacional números
impressionantes sobre os resultados obtidos com os mecanismos de fomento à produção no Brasil.
Os fundos administrados pela ANCINE e pelo Fundo Setorial do Audiovisual – FSA somaram, em
2018, mais de US$ 250 milhões, e a indústria já emprega 300 mil brasileiros e vem crescendo em
ritmo acelerado. A ANCINE tem registradas mais de 34 mil empresas em toda a cadeia do
audiovisual, sendo 7 mil produtoras de conteúdo audiovisual. De 2008 a 2014, um crescimento no
número de obras audiovisuais de 150% refletiu-se em mais de 3.400 obras brasileiras certificadas
por ano. O faturamento por setor vem notando uma migração para o Vídeo sob Demanda (Video On
Demand, ou VOD), a exemplo do que acontece no resto do mundo. Muito significativo é o
crescimento do número de filmes. De apenas 14 lançamentos em 1995, no ano passado,
ultrapassou-se a marca de 170 filmes. Outro número impressionante é o número de acordos de
coprodução que a Agência conseguiu estabelecer. São 23 países, sendo que alguns acordos bilaterais
e multilaterais ainda precisam ser ratificados.