Jerfson dos Santos foi detido em flagrante após abordar vítima que vendida bombons em semáforo. Na delegacia, religioso negou crime
Um capelão da Polícia Militar do Distrito Federal foi preso em flagrante, na última sexta-feira (21), pelo crime de importunação sexual contra um adolescente de 16 anos. O jovem vendia bombons em um semáforo, em Taguatinga Norte, e diz ter sido assediado por Jerfson dos Santos.
Em depoimento, no entanto, o padre apresentou versão contrária na delegacia. Segundo Jerfson, o adolescente tentou extorqui-lo.
O religioso passou por audiência de custódia e vai responder ao processo em liberdade. A reportagem tenta contato com a defesa do suspeito.
A Polícia Militar informou que o sacerdote está “afastado de suas funções de capelão” e aguarda decisão de processo que tramita no âmbito da igreja católica”. A reportagem aguarda posicionamento da Arquidiocese de Brasília.
‘Começou a passar as mãos’
Segundo depoimento do rapaz à Polícia Civil, Jerfson disse “que compraria todos os bombons disponíveis”, entretanto, “não tinha dinheiro em mãos”. Em seguida, ele pediu para que a vítima o acompanhasse até em casa, em Águas Claras, “para poder entregar o dinheiro”.
Segundo o boletim de ocorrência, Jerfson deixou que o adolescente dirigisse o veículo, mesmo sem habilitação. O jovem contou ainda que eles foram a casa do suspeito e, no local, o padre “começou a passar as mãos” no corpo dele, “dizendo que o valor seria em troca dos bombons e de um ‘brinde’, se referindo a sexo”, relatou.
Ainda de acordo com o adolescente, “após algum tempo”, ele conseguiu convencer Jerfson a ir embora. Os dois voltaram para o veículo, e o suspeito teria se oferecido para levá-lo até a estação do metrô de Águas Claras.
O adolescente, novamente, assumiu a direção e, em determinado momento, disse que o pneu do carro havia furado. Quando Jerfson desceu, o jovem acelerou e fugiu e depois parou o veículo atrás de ajuda de pedestres.
O menor contou que o capelão mandou mensagem no celular com ameaças, “dizendo que ele teria problemas caso não devolvesse seu veículo ou contasse a situação para a polícia”. A vítima deixou o veículo no estacionamento de um supermercado e o homem foi abordado por policiais civis ao chegar para resgatar o carro.
Versão do padre
Jerfson prestou depoimento na 21ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Sul e disse que ia de carro ao mercado, em Taguatinga Norte, quando o adolescente apareceu no semáforo e ofereceu bombons. O padre afirmou que, após comprar um doce, decidiu “ajudar o rapaz” e ofereceu uma carona até Águas Claras, onde de chocolate seria melhor, devido ao maior fluxo de pessoas.
O padre disse aos policiais que o jovem pediu para dirigir durante o caminho e garantiu ser maior de idade. “Surpreso pela habilidade do rapaz, pegou em sua perna, dizendo que ele dirigia muito bem, ação essa que talvez dado uma interpretação errada para o rapaz”, diz parte do depoimento do sacerdote.
O religioso afirmou ainda que, quando chegaram em Águas Claras, o adolescente perguntou onde ele morava. Após orientar o jovem a estacionar o carro na garagem, ele “pediu para conhecer o apartamento”.
No local, Jerfson disse que pediu a chave Pix do adolescente, para poder pagar o valor referente a uma caixa de bombom que ele havia prometido. No entanto, segundo o padre, o rapaz teria “insistido” para ele comprar as duas caixas, e que “caso ele comprasse, teria algo a mais”, e que entendeu que o jovem estava “oferecendo favores sexuais a ele”.
O PM ainda disse que “o jovem começou a encontrar desculpas para ficar na casa”, como brincar um uma calopsita e pedir para colocar crédito no celular. Após “convencer” o jovem a sair do apartamento, ele ofereceu uma carona até o metrô, momento em que ele novamente assumiu a direção do veículo.
Durante o percurso, adolescente disse que o pneu tinha furado e, ao descer para verificar, o menor foi embora com o veículo. O PM então passou a mandar mensagem para que o adolescente devolvesse o carro, “acreditando que o rapaz havia levado o veículo por não ter conseguido o valor ofertado”, disse em depoimento.
Afastado
A Polícia Militar informou que abriu procedimento para apurar o caso e que o militar está na corporação há quatro anos, mas “afastado de suas funções de capelão” há 10 meses. “Ele aguarda decisão de processo que tramita no âmbito da Igreja Católica”, informou a polícia.
A PM também informou que, ao ser acionada, “prontamente deslocou à delegacia para as providências cabíveis”.
“Cabe salientar que nossa bicentenária corporação está nas ruas 24 horas por dia, sete dias por semana, em todas as regiões administrativas, para bem servir e proteger a sociedade da capital e não coaduna com fatos que sejam contrários à legislação e aos regulamentos em vigor”, informou.
Fonte: G1