No Dia Nacional da Abelha, cartaz com espécies do Cerrado é lançado no DF

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Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

A cerimônia de lançamento contou com demonstração dos diferentes insetos sem ferrão e com degustação de meles

O Dia Nacional da Abelha é comemorado em 3 de outubro. Em alusão à data, a coleção Eu Amo o Cerrado, ferramenta de educação do Instituto Brasília Ambiental, está com um novo produto: o cartaz Abelhas Indígenas sem Ferrão do Cerrado.

O lançamento foi na manhã desta terça-feira (3), na entrada da sede do Brasília Ambiental, contando com exposições técnicas com especialistas da área, associações e produtores; além de degustação de mel de abelhas tradicionais e nativas.

Além da degustação, que contemplou exemplares de mel de diversas abelhas sem ferrão, também houve palestras e caixas de abelha com vidros onde era possível observar as espécies – Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

O evento foi aberto à comunidade. Segundo o chefe da unidade de Educação Ambiental do Instituto Brasília Ambiental, Marcus Paredes, a ideia é divulgar a importância das abelhas e ter mais um componente da composição Eu amo o Cerrado.

“Celebrar o Dia da Abelha é uma honra para nós. Sabemos da importância desses animais e do papel ecossistêmico e ecológico deles na polinização. Elegemos a abelha para ser nosso primeiro cartaz puxando para o lado dos invertebrados”, destaca Marcus.

Meles, terapia e o universo das abelhas

Bruno Galli, 38 anos, mora em Brasília e se diz apaixonado pelas abelhas que tem em casa. Para ele, elas são como terapia. O médico veterinário cria abelhas sem ferrão, como a marmelada, mocinha preta, jataí e mandaguari.

O evento foi aberto à comunidade, que pôde conhecer mais sobre várias particularidades das abelhas

Ele conta que o interesse veio de família, por meio de lembranças da avó. Bruno via as caixinhas de abelha e, na época, não entendia o que eram aquelas abelhinhas diferentes que pareciam mosquitinhos nas flores.

“Só depois de adulto, fui pesquisar. E vi que é um universo gigantesco incrível, que vale a pena preservar, entender e acompanhar o desenvolvimento. É uma coisa muito nacional e acho que muitas pessoas não conhecem. A gente só pensa em abelhas com ferrão, mas, na verdade, há um universo enorme de abelhas brasileiras. É muito legal que a associação esteja fazendo esse evento no Dia da Abelha”, observa o veterinário.

O evento contou com o apoio da Associação de Meliponicultores do Distrito Federal, a AMe-DF. Além da degustação, que contemplou exemplares de mel de diversas abelhas sem ferrão, como a Mandaçaia, Jataí, Borá e Benjoi, também houve palestras e caixas de abelha com vidros onde era possível observar as espécies.

A publicitária Nájila Bergman de Barros foi uma das expositoras que apresentou o Mel de Aroeira, encontrado no norte de Minas Gerais. Segundo a especialista, o mel vem com propriedades especiais do clima semiárido, em um período onde não tem inseticida nas lavouras, diferenciando a pureza e a qualificação do mel.

A iniciativa teve exposições técnicas com especialistas da área, associações e produtores; além de degustação de mel de abelhas tradicionais e nativas

“Esse mel é pesquisado pelas universidades federais de Belo Horizonte e Montes Claros, por causa de suas propriedades. Além do sabor, densidade e coloração mais escura, o mel auxilia no tratamento da úlcera, gastrite, tosses e também pode ser usado para emplastros, queimaduras e inflamações em geral”, comenta Nájila.

Algumas abelhas produzem mel de altíssimo valor gastronômico, que podem variar muito em textura e sabor de acordo com a espécie e ser uma boa fonte de recursos para os produtores.

As abelhas e a polinização

Na natureza, as abelhas são polinizadoras, ou seja, as responsáveis por fazer a transferência de pólen das anteras de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da mesma flor ou de uma outra flor da mesma espécie. Assim são produzidos frutos e sementes.

“Se a gente cortar esse serviço e deixar de ter abelhas na natureza, provavelmente a gente vai ter menos frutos e sementes, tendo uma queda na produção, tanto da área nativa das nossas florestas quanto na produção comercial. A gente sabe que o papel das abelhas na polinização é fundamental”, acentua Marcus Paredes.

As abelhas indígenas sem ferrão do Cerrado são do gênero Meliponini. Historicamente, muitas dessas abelhas sofreram uma exploração predatória por meleiros, com a retirada do mel sem o manejo correto, destruindo colônias na natureza, o que contribuiu para a diminuição das populações em algumas regiões.

Segundo o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, o instituto está testando a introdução de abelhas sem ferrão no Parque do Cortado para trazê-las para as unidades de conservação.

“A gente sabe que no Parque da Cidade já tem. É importante para as crianças e adultos saberem a importância das abelhas no nosso Cerrado – mas sem ferrão, para não correr nenhum risco. Nossa educação ambiental fez esse evento pra gente comemorar, tem três parceiros hoje nos ajudando, com as associações e servidores. É um conjunto de todos que gostam e sabem a importância da abelha pro nosso meio ambiente. Quando falam da fauna, esquecem que temos também nossos insetos, com uma pluralidade no meio ambiente que precisa desse cuidado todo”, afirma Nemer.

Coleção Eu Amo Cerrado

Desde 2012, o Brasília Ambiental produz, por meio de sua Unidade de Educação Ambiental (Educ), a coleção Eu Amo o Cerrado, que tem como foco a divulgação da biodiversidade do bioma.

O projeto parte da perspectiva de que “só cuida quem ama e só ama quem conhece”. Atualmente, a coleção contém 12 cartazes: Árvores do CerradoAves do CerradoFrutos do CerradoMamíferos do Cerrado e PegadasPeixes do CerradoAnfíbios do CerradoPlantas Medicinais do CerradoFrutos Medicinais do CerradoFlores do Cerrado Roxas e AzuisFlores do Cerrado AmarelasFlores do Cerrado Vermelhas e Alaranjadas e Flores do Cerrado Brancas.

Em 2022, a Educ distribuiu cerca de 10 mil cartazes da coleção a todas as Coordenações Regionais de Ensino do DF, em parceria com a Secretaria de Educação (SEE).

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