Laudo conclui que mulher que caiu de janela de UPA, na Ceilândia, morreu por traumatismo craniano causado pela queda

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Cidalva Prates Guedes caiu da janela de UPA em Ceilândia, no DF, onde estava internada com quadro de dengue — Foto: Reprodução

Cidalva Prates Guedes, de 53 anos, estava internada por causa de um quadro grave de dengue. Iges, responsável pela unidade, não se manifestou

A Polícia Civil concluiu, nesta segunda-feira (10), o laudo da morte da mulher que caiu da janela da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia, no Distrito Federal, em março deste ano. Segundo o documento, Cidalva Prates Guedes, de 53 anos, teve traumatismo craniano causado pela queda.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) traz o relato de um médico do Hospital de Base, em Brasília. Segundo o profissional, Cidalva apresentou desorientação e delírio enquanto estava na UPA, o que a levou a tentar fugir. O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges), responsável pela administração da UPA, não se manifestou sobre o laudo.

A mulher estava internada na unidade por causa de um quadra grave de dengue e, segundo a equipe médica, “teve delírios e pulou sozinha da sala vermelha”, no dia 9 de março. Ela foi transferida para o Hospital de Base, onde a morte foi confirmada no dia 14 do mesmo mês (veja detalhes abaixo).

Ainda de acordo com o documento, Cidalva teve “uma ferida extensa, medindo cerca de 8 centímetros, localizada no couro cabeludo”. Além da dengue, a paciente tinha “alterações compatíveis com hepatopatia crônica, que é o fígado com aspecto cirrótico, além de alterações renais”.

O laudo aponta que, apesar desses problemas “não terem sido a causa direta da morte, contribuíram para debilidade do quadro clínico geral da paciente”. A família de Cidalva aguarda a conclusão do inquérito pela Polícia Civil e informou que pretende entrar com uma ação contra o GDF e o Iges.

À época, o Iges disse que a equipe prestou toda assistência à mulher. O caso é investigado pela 19ª Delegacia de Polícia, em Ceilândia.

Internação

Cidalva Prates Guedes caiu da janela da UPA em Ceilândia no DF e sofreu traumatismo craniano — Foto: Reprodução
Cidalva Prates Guedes caiu da janela da UPA em Ceilândia no DF e sofreu traumatismo craniano — Foto: Reprodução

Segundo a família de Cidalva, a passagem dela pela rede pública de saúde seguiu os seguintes passos:

  • 24 de fevereiro: Cidalva teve um diagnóstico de dengue hemorrágica após exame feito na UBS de Samambaia
  • 3 de março: Cidalva procurou atendimento na UPA de Ceilândia, com queixas de dor abdominal, plaquetas baixas, febre e sangramento nasal.
  • 3 de março: médico da UPA de Ceilândia “examinou a paciente, prescreveu analgésicos apenas pela fala da mesma e solicitou exames laboratoriais, sendo liberada para casa após os exames detectarem plaquetas baixas”.
  • 4 de março: Cidalva voltou à UPA de Ceilândia com dor de cabeça, fraqueza, febre e dor abdominal
  • 4 de março: Cidalva foi encaminhada para a sala verde da UPA, onde ficou em uma poltrona, sem direito a acompanhante durante quatro dias
  • 8 de março: após insistência dos parentes, um familiar pode acompanhar Cidalva, que apresentava confusão mental, fraqueza, complicações no fígado e rins, segundo o relato.
  • 9 de março: Cidalva é transferida da sala verde para a sala vermelha. No mesmo dia, ela teria pulado ou caído da janela
  • 11 de março: família registra boletim de ocorrência na delegacia de Ceilândia
  • 14 de março: óbito é confirmado pela filha

Queda da janela

Janela da UPA de Ceilândia, no DF, de onde uma paciente caiu — Foto: Reprodução/TV Globo
Janela da UPA de Ceilândia, no DF, de onde uma paciente caiu — Foto: Reprodução TV

Na noite de 9 de março, uma das filhas de Cidalva foi até a UPA de Ceilândia em busca de informações sobre a mãe. No local, ela ficou sabendo que a paciente tinha caído de uma altura de 2 metros e estaria com um corte na cabeça.

Segundo a equipe médica, “a paciente estava bastante agitada e ficou gritando por 20 minutos antes de se jogar”. O médico responsável teria, então, prescrito um medicamento para a paciente se acalmar, segundo o boletim de ocorrência.

“Contudo, o medicamento não fez o efeito esperado e a paciente continuou agitada e apresentando um quadro de delírio. Nesse intervalo de tempo, a paciente ficou sem supervisão médica e sem contenção”, afirmaram os familiares em depoimento.

Após a mulher ser encontrada do lado de fora da Unidade de Pronto Atendimento, o médico teria solicitado uma tomografia do crânio no Hospital de Base e acionado uma UTI móvel para realizar o transporte da paciente.

“O médico da UTI MÓVEL relatou ainda que a paciente deveria ter sido intubada imediatamente após a queda, mas não sabia explicar porque a UPA não adotou o procedimento”, dizem os parentes.

No Hospital de Base, a família foi informada que Cidalva tinha uma hemorragia cerebral grave sem chance de reversão. A médica que atendeu a mulher afirmou que ela demorou a ser atendida, segundo o boletim de ocorrência.

Em seguida, os familiares de Cidalva foram orientados pela equipe médica a se despedirem da mulher que, “segundo quadro clínico não tem chances de melhoras, estando respirando apenas com ajuda de aparelhos.

Fonte: G1

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