Festival de Brasília do Cinema Brasileiro tem investimento de R$ 2 milhões

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Os troféus Candango contemplam os melhores filmes. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília - 27.9.2016

Em sua 55ª edição, a mostra está com as inscrições abertas para seleção de termo de colaboração com organização da sociedade civil (OSC) para gestão do evento

Foram dois anos de reinvenção, aprendizado e muito trabalho para que a maior festa do cinema do país, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), acontecesse, de forma virtual, durante a pandemia da covid-19. Em 2022, o evento volta fortalecido com formato híbrido e a presença garantida do público, sempre um elemento chave e marcante da trajetória da mostra que celebra, este ano, 55 edições. Esse foi só um dos desafios enfrentados pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) nesta gestão para manter viva a chama de um dos mais emblemáticos símbolos da cultura local.

Neste momento, segue aberta a inscrição para seleção de termo de colaboração com organização da sociedade civil (OSC) para gestão do evento marcado para o período de 14 a 20 de novembro, com duração de sete dias corridos. O investimento é de R$ 2 milhões.

“Essas duas edições virtuais foram bastante pedagógicas para a secretaria e para o público, porque é um formato que veio para ficar. Voltamos a fazer o presencial, mas sem abrir mão do virtual”, informa o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues. “Até porque é uma forma, inclusive, de nacionalizar o festival de cinema, que se restringia à cidade de Brasília”, observa.

O secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, diz: “Essas duas edições virtuais foram bastante pedagógicas para a secretaria e para o público, porque é um formato que veio para ficar. Voltamos a fazer o presencial, mas sem abrir mão do virtual” – Foto: Divulgação

Festival 2022 gera expectativas

A edição 2022 do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro promete ser marcante com o retorno do formato presencial. A expectativa é grande entre realizadores e público, essencialmente formado por estudantes, cinéfilos, jornalistas, realizadores, artistas e entusiastas da cultura de maneira geral.

“A volta ao presencial é a grande expectativa, porque esse contato entre filmes na tela e plateia no Cine Brasília é a gênese do Festival de Brasília. Ali, no calor da hora, a temperatura sobe ou esfria. É o verdadeiro teste para cada filme e seus realizadores”, reverbera a subsecretária de Economia Criativa, Angela Inácio.

Frequentador do Cine Brasília desde os tempos de estudante, o publicitário Fernando Matheus, 33 anos, não vê a hora para voltar a frequentar o espaço borbulhando de gente. “Até já voltei ao espaço depois da liberação, mas não é a mesma coisa. Sou grande fã do Cine Brasília, foi durante muito tempo meu playground, e ele durante o Festival de Cinema é mágico”, esfrega as mãos.

O cineasta Rodrigo Séllos fala da expectativa para este ano: “Espero que seja um festival enorme, potente como ele sempre foi” – Foto: Divulgação

“Que inveja de este ano eu não estar com o filme com a presença do público. Acho que é quando o cinema faz acontecer, numa sala escura com todo mundo. Espero que seja um festival enorme, potente como ele sempre foi”, torce o cineasta Rodrigo Séllos, que venceu o festival em 2020 com o longa-metragem Por Onde Anda Makunaíma?.

Pandemia arrefecida

Foi uma gestão de obstáculos com a chegada da pandemia da covid-19 poucos meses depois, ameaçando a realização do evento em 2020. “O festival só foi interrompido na época da ditadura, por força de um regime de exceção. E tínhamos todas as motivações para que ele não ocorresse na época da pandemia, quando o terror era muito grande e os governos estavam contingenciando as despesas para a área da saúde”, recorda o secretário.

“Fiz um apelo ao governador Ibaneis Rocha, que liberou o recurso a tempo de promovermos o evento, que não deu tempo de fazer edital para convocar OSC; foi todo realizado com a própria equipe da secretaria, tarefa dificílima, deu um trabalho danado, mas conseguimos”, orgulha-se.

Com curadoria do documentarista Silvio Tendler, as duas edições remotas foram um sucesso de execução e público, com um milhão de pessoas ligadas no evento via Canal Brasil, o YouTube da Secec e plataformas de streaming.

“Foi uma das coisas mais difíceis da minha vida. Já tinha feito a curadoria e direção em 1996, mas era outro momento da vida e da realidade brasileira”, lembra o artista. “E conseguimos fazer, tornando-se um atrativo para todas as tribos e grupos que transitam em torno do Festival de Brasília”, diz aliviado.

Grande vencedor com Por Onde Anda Makunaíma?, Rodrigo Séllos lamentou o fato de sua primeira participação na mostra competitiva do mais relevante evento cinematográfico do país não tenha sido com a participação do público presente, um termômetro sempre encorajador. “Foi frustrante não ter a plateia logo no ano que participo e ganho, mas enfim, foi ótimo o festival acontecer, foi fundamental ele não ter parado”, agradece.

Diretor do curta-metragem Benevolentes, vencedor da Mostra Brasília, Thiago Nunes destaca que participar de uma edição atípica do festival, com projeção remota, lhe deu poder de alcance maior de público. “O cinema é uma área que se adapta. Assim como a música em suas multiplataformas, acontece a mesma coisa no cinema com o streaming. O formato virtual nos deu a chance de trazer o festival para as nossas casas”, avalia positivamente. “Importante acontecer esse evento num ano tão atípico, saber que houve um esforço enorme para ter continuidade mesmo sendo remoto”, reforça o diretor de fotografia e editor do curta, Vinícius de Oliveira.

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