HRSM registra aumento nos atendimentos desses casos; de todos os registros, 97% foram em crianças
Sazonais, as doenças respiratórias estão em alta, e as crianças são quem mais sofrem neste período do ano. A consequência disso é a demanda expressiva de busca por atendimento médico nos prontos-socorros infantis. De janeiro a abril, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) notificou 1.215 casos de síndromes respiratórias, entre graves e leves. Os dados são do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep Gripe) e do aplicativo e-Sus, compilados pela Vigilância Epidemiológica do HRSM.
Para evitar o contágio pelas síndromes respiratórias, principalmente a bronquiolite viral aguda, o pediatra e infectologista Pedro Ribeiro Bianchini, do HRSM, lembra que as medidas de prevenção são as mesmas que são recomendadas e já foram difundidas com a pandemia de covid-19: lavagem de mãos e uso do álcool gel e de máscaras no contato com os recém-nascidos e crianças pequenas.
Entre as notificações das síndromes respiratórias graves, foram registrados 42 casos em janeiro, 24 em fevereiro, 67 em março e 158 em abril. Desse total, 274 crianças tiveram casos graves, o que representa 97% dos casos notificados – 51% do sexo masculino e 49%, do feminino. Das notificações por região, 55% são de moradores de Goiás e 45%, do DF.
Vírus
A chefe do Núcleo da Vigilância Epidemiológica do HRSM, Larysse Lima, explica que as síndromes respiratórias agudas graves (SRAGs) podem ser causadas por vários micro-organismos, como bactérias, vírus e fungos. “Esses vírus podem ser influenza, sincicial, adenovírus e rinovírus”, aponta. “A consequência são infecções das vias aéreas, como as gripes e os resfriados, pneumonias e bronquiolites. E, desde 2020, com o início da pandemia de covid-19, existe a infecção respiratória causada pelo Sars-Cov-2”.
A classificação final por agente etiológico ficou distribuída da seguinte forma: 3% SRAG influenza, 49% SRAG por outros vírus (influenza, rinovírus sincicial e adenovírus); 26% SRAG por covid e 22% por SRAG não especificada.
De acordo com Pedro Ribeiro Bianchini, o aumento do número de casos a partir de janeiro é esperado devido à circulação de vírus com novas mutações sofridas no hemisfério norte e que chegam ao hemisfério sul geralmente no final do ano, entre outubro e novembro.
“Por influência do período escolar, o pico acontece após o início do período letivo, geralmente no meio de fevereiro ou início de março, mas já temos vírus circulando desde outubro/novembro e aumento de casos a partir de janeiro”, detalha o médico.
Prevenção
Bianchini destaca que, de forma geral, não é recomendado aos recém-nascidos contato com outras pessoas por pelo menos até 3 meses de idade, incluindo parentes e amigos. “Isso também inclui frequentar ambientes fechados, como restaurantes, igrejas, shoppings etc., idealmente até os seis meses”, recomenda o médico. “Além disso, deve-se sempre verificar com quem for visitar a presença de algum sintoma que indique qualquer adoecimento agudo. Ou seja, evitar o contato do bebê com pessoas doentes.”
O profissional também aconselha consulta mensal com pediatra nos primeiros meses de vida – lembra que isso também é fator que colabora com a saúde do recém-nascido, além da vacinação e do aleitamento materno. “Esse aumento de casos, infelizmente, ocorre dentro do esperado, pois ainda não há a imunidade adquirida via vacina ou adoecimento prévio para parte da população pediátrica”, explica.
O médico ainda cita a perspectiva de uma vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) que está em estudos para imunizar gestantes e bebês. “Após os estudos comprovarem a segurança e eficácia nessa população, se adotada pelo SUS, a vacina contribuirá significativamente para a redução dos casos, pois o VSR é o principal agente da bronquiolite nos menores de 1 ano de idade”, avalia.