Detonautas, com 27 anos de estrada, entregaram ao público um show carregado de memória, peso e emoção. A turnê “Elétrico” – crédito: divulgação CMW)
Brasília respirou motocicletas, música e encontros durante dez dias. A equipe do Repórter Independente circulou por quatro deles e o retrato foi sempre o mesmo: movimento intenso, máquinas de todos os tipos, gente de todas as regiões do país e um clima que já virou marca registrada do Capital Moto Week. A edição de 2025 fechou o portão com a mesma vibração do primeiro dia — talvez até maior. Os números falam por si: 856 mil pessoas, 300 mil motos e 1,8 mil motoclubes cruzaram a Cidade da Moto. Segundo a organização, mais de 8 milhões de visitantes já passaram pelo festival ao longo de sua história.
O CEO do evento, Pedro Franco, resumiu o espírito desta edição com entusiasmo calculado: “Foi uma edição surpreendente do início ao fim, que nos emocionou e reafirmou o Capital Moto Week como um dos principais festivais do Brasil e do mundo.” Ao lado da equipe, celebrou e já falava em planejamento para o próximo ano. Quem acompanha o CMW sabe que esse ciclo nunca para.
Na arena principal, a música fez a vibração aumentar. Os Detonautas, com 27 anos de estrada, entregaram ao público um show carregado de memória, peso e emoção. A turnê “Elétrico” costurou sucessos como Você Me Faz Tão Bem, Olhos Certos, O Amanhã e Só por Hoje, enquanto o vocalista Tico Santa Cruz celebrava o encontro com o festival: “Estar no Capital Moto Week é uma honra. Aqui a gente vive música, cultura, diversão e encontros de todos os cantos do Brasil.”
A plateia correspondeu. A cada refrão, surgia aquele movimento coletivo que só grandes shows conseguem provocar. Tico ainda incluiu versões de clássicos nacionais — Minha Alma, Segredos e uma pesada leitura blues de Um Sonhador — até que chegou o momento mais simbólico da noite: a entrada dos guitarristas Marcão Britto e Thiago Castanho, nomes que carregam a história do Charlie Brown Jr.

Os números falam por si: 856 mil pessoas, 300 mil motos e 1,8 mil motoclubes cruzaram a Cidade da Moto edição 2025 (crédito: CMW)
O reencontro, carregado de nostalgia dos anos 90, incendiou o público. Você Me Faz Tão Bem ganhou outra camada, e Outro Lugar fez a Cidade da Moto literalmente tremer com o peso das guitarras. Minutos depois, Marcão e Thiago assumiram seu próprio show, guiando a multidão por um repertório que emociona gerações. Proibida Pra Mim, Zoio de Lula, Papo Reto, Só os Loucos Sabem, Pontes Indestrutíveis, Hoje Eu Acordei Feliz… tudo ecoou forte, como se parte do público estivesse devolvendo ao palco memórias guardadas de outros tempos.
Tico retornou para uma dobradinha explosiva com Samba Makossa e Tudo Que Ela Gosta, criando um elo improvável e ao mesmo tempo natural entre o rock, o manguebeat e a identidade colaborativa que marca o CMW.
No microfone, o vocalista Rafael Carleto resumiu o sentimento da banda: “Satisfação imensa tocar neste mega festival. A casa está lotada, muito obrigado pela receptividade.” Thiago Castanho fez coro, saudando Brasília e homenageando os ex-integrantes Chorão e Champignon. O tributo ganhou forma quando Como Tudo Deve Ser começou com as luzes do palco baixas e o mar de lanternas levantado pela plateia. A guitarra precisa de Marcão, acompanhada pelo beatbox do baterista Pinguim, uniu palco e público num só movimento. “Que noite inesquecível”, celebrou Marcão ao final.
O Capital Moto Week encerrou sua edição de 2025 com a mesma mistura de atitude, música e liberdade que o tornou um dos maiores eventos do gênero no planeta. E, se depender do que se viu nestes dez dias, o caminho até a próxima edição já começou a ser pavimentado — com o som dos motores e das guitarras










