Cras de Arniqueira recebe ação social

WhatsApp-Image-2025-11-18-at-14.58.07-scaled.jpeg

O domingo (16) foi marcado por uma intensa programação sociocultural e de saúde no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Arniqueira, que recebeu uma grande ação realizada pela Administração Regional em parceria com o próprio CRAS. O muro da unidade transformou-se em uma imensa galeria a céu aberto, ocupada pelos artistas do Coletivo Grafitti Capital, que comemorou seus 10 anos de atividades com a presença de grafiteiros de todo o Distrito Federal e de outros estados.

O evento reuniu ainda uma série de serviços voltados ao Novembro Azul, mês dedicado à conscientização masculina sobre os cuidados com o câncer de próstata. Houve corte de cabelo, apresentações culturais, uma mesa farta de café da manhã e acolhimento especial às pessoas em situação de rua que participaram da iniciativa. A Escola de Trânsito do DETRAN-DF reforçou a programação com uma apresentação educativa sobre a importância do cuidado integral — da saúde masculina aos comportamentos seguros no trânsito.
A administradora regional de Arniqueira, Telma Rufino, enfatizou a relevância da ação.
“Assim como valorizamos o Outubro Rosa, é fundamental lembrar que os homens também precisam olhar para sua saúde. A prevenção salva vidas, e nossa gestão está comprometida em levar informação e cuidado para toda a comunidade, tanto na orientação sobre a prevenção do câncer que atinge as mulheres, quanto dos que atingem os homens.”

Representando o Coletivo Grafitti Capital, o presidente Thiago Ranuki destacou a simbologia da escolha de Arniqueira como palco da celebração.
“Foram 10 anos de história, e nada mais importante do que comemorar em um local que acolhe, de forma social, pessoas de todo o DF. Recebemos aqui artistas do país inteiro e do entorno, e contar com o apoio da Administração Regional de Arniqueira fez toda a diferença. A arte urbana é isso: união de esforços.” Na jornada artística, foram ilustrados quatro painéis: um de 214 metros e outros de 60, 40 e 30 metros, respectivamente. Ao todo, 102 grafiteiros participaram de forma inteiramente voluntária, arcando com todas as despesas envolvidas — incluindo a aquisição das tintas. Cada artista utilizou, em média, cerca de cinco sprays de tinta para compor as obras, demonstrando não apenas técnica e criatividade, mas também compromisso e generosidade ao contribuir para a transformação visual e cultural do espaço público.
O secretário de Governo, José Humberto, também ressaltou o impacto social da iniciativa. “Eventos como este mostram que políticas públicas, quando somadas à cultura e ao cuidado com as pessoas, alcançam um horizonte que transborda. É gratificante ver Arniqueira promovendo arte, saúde e cidadania em um único espaço.”


 Para Cecília Mayumi, analista de atividade de trânsito do DETRAN-DF, conscientização também é parte fundamental da saúde masculina.
“Os homens têm grande presença no trânsito, e falar sobre prevenção, responsabilidade e autocuidado é essencial. Trazer essa orientação dentro do Novembro Azul amplia nosso alcance e reforça a importância de dirigir com consciência.”
______________
Uma reflexão sobre o grafite como arte
Quase 400 metros lineares de muro ganharam cores, formas e assinaturas dos artistas. Das mãos minuciosas do realista Visão – que veio de São Paulo especialmente para deixar sua marca  – ao talento singular e especial  de Mudof, do Distrito Federal, a avenida Águas Claras, que margeia o imenso “mural”, tornou-se vitrine de expressão criativa e de identidade cultural.
E aqui cabe uma pausa reflexiva: o grafite, tantas vezes confundido por leigos com a pichação, é, na verdade, um dos mais potentes movimentos artísticos urbanos da contemporaneidade. Enquanto a pichação surge frequentemente como um grito silencioso, uma marca de ruptura ou protesto, o grafite se apresenta como linguagem estética, técnica, estudada e profundamente simbólica. São artistas, e não transgressores, que carregam nas mãos a habilidade rara de transformar superfícies brutas em paisagens narrativas.

Esses grafiteiros não apenas coloriram um muro: eles ressignificaram um espaço público. Jogaram luz sobre a cidade, substituindo o estigma pela expressão; a marginalização pela criação; o preconceito pela sensibilidade artística. Suas obras dialogam com quem passa, convidando à reflexão, à empatia e ao entendimento de que a arte urbana não é ruído — é voz.
A cada traço, eles reafirmam que pertencem a um cenário maior: o da cultura que se faz nas ruas, onde o talento se impõe como forma legítima de manifestação humana. E, ao estamparem suas identidades naquele muro, não apenas celebraram 10 anos de trajetória: elevaram Arniqueira ao circuito artístico do DF, deixando como legado um mural que é, acima de tudo, um gesto de gratidão e de esperança por uma sociedade mais aberta, sensível e menos preconceituosa.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

scroll to top