Enquanto governo do Distrito Federal investiu, R$ 8,2 mi, apenas no anfiteatro e no MAB, estruturas em água, após três anos, permanecem em estado de total abandono
Brasília tem no Lago Paranoá um de seus cartões-postais mais belos e importantes, mas a realidade vivida na Orla da Concha Acústica revela um cenário de abandono e descaso. A região, que deveria ser um espaço de lazer, turismo e práticas náuticas, encontra-se tomada por estruturas deterioradas, ocupações irregulares e ausência de políticas públicas voltadas à preservação e manutenção do espaço.

Estrutura Náutica abandonada na orla da Concha Acústica e carros na calçada, problemas crônicos no local (Foto:RevistaNavegar)
Orla na Concha Acústica: Decks abandonados, tábuas soltas e deterioradas, oferecendo risco aos frequentadores. Jardins que deveriam compor a paisagem encontram-se malcuidados, tomados pelo mato. As calçadas estão quebradas, obrigando pedestres, inclusive crianças, a dividirem espaço com veículos que invadem as áreas destinadas ao passeio público. A falta de fiscalização transforma o local em território sem regras, expondo a população a perigos constantes.
Outro problema grave é a proliferação de barraquinhas improvisadas à beira do lago, instaladas sem estrutura mínima para atender turistas e frequentadores. Faltam condições de higiene, segurança e ordenamento urbano, o que contribui para a degradação da imagem de um espaço que deveria figurar entre os mais valorizados do turismo brasiliense.

Edificações abandonadas, sujas e propícias para esconderijo de marginais e bichos peçonhentos (foto: Revista Navegar)
A situação do estacionamento público também é alarmante: o espaço está tomado por motorhomes antigos, alguns em avançado estado de deterioração, que permanecem estacionados por tempo indeterminado, descaracterizando a função original do local e prejudicando a circulação de visitantes.

Carros transitam e estacionam sobre as calçadas, colocando em risco a segurança de crianças e adultos, que circulam no local (foto: Revista Navegar)
Como se não bastasse, uma indústria de flutuantes se instalou em plena orla, montando uma espécie de doca para serviços de solda, pintura e outras atividades de alto impacto ambiental. O uso de abrasivos e produtos químicos, sem qualquer controle, coloca em risco a qualidade da água do Lago Paranoá, patrimônio natural da capital. A presença desse tipo de atividade industrial em um espaço público de lazer expõe a falta de respeito às regras ambientais e urbanísticas.Além disso, há diversas edificações abandonadas nas proximidades, que se transformaram em depósito de lixo, abrigo improvisado para moradores de rua, esconderijo para criminosos e pontos de proliferação de animais peçonhentos. O conjunto reforça a sensação de insegurança e desamparo da comunidade que frequenta a região.

“Estaleiro” montado às margens da Concha Acústica, problemas ambientais gravíssimos (foto: RevistaNavegar)
Enquanto a orla náutica segue esquecida, o Governo do Distrito Federal investiu, em 2022, cerca de R$ 8,2 milhões na reforma do anfiteatro da Concha Acústica e do Museu de Arte de Brasília, ambos na parte térrea do complexo. Entretanto, nenhum centavo foi destinado à área náutica ou às estruturas de uso público que margeiam o lago, revelando a ausência de uma política integrada para revitalização da região.
O abandono da Orla da Concha Acústica não é apenas uma questão estética. Trata-se de um problema que envolve segurança pública, meio ambiente, turismo e cultura. A falta de investimentos e de fiscalização ameaça a integridade do espaço e compromete o potencial que a área possui para atrair visitantes, gerar empregos e promover lazer de qualidade para a população.
A comunidade náutica, moradores e frequentadores cobram das autoridades do Distrito Federal medidas urgentes para reverter este quadro. Preservar o Lago Paranoá e os espaços que o cercam não é apenas uma questão de cuidado com o patrimônio urbano, mas também de respeito à história, ao meio ambiente e ao futuro de Brasília.