Pega de surpresa pela recomendação do Diretor Presidente da Agência Nacional do Cinema –
ANCINE, Christian de Castro, o Sindicatos da indústria do Audiovisual do Rio de Janeiro (SICAV) e o
Sindicato da indústria do Audiovisual do Estado de São Paulo (SICAESP) se manifestaram contrários
ao despacho de Castro, que, na prática, pode paralisar as atividades da indústria. O Audiovisual não
é apenas um “setor” da economia, mas sim uma indústria, uma vez que emprega diretamente mais
de 300 mil brasileiros, e registra mais de 34 mil empresas em toda a sua cadeia produtiva. O
Presidente do SICAV, Leonardo Edde, afirmou que todos os processos de aprovação dentro da
agência e também os processos já aprovados serão prejudicados, e atrasados em suas conclusões.
Causou estranheza a notícia do embargo ser divulgada logo após a seleção de quatro longa
metragens brasileiros para o Festival de Cannes, em França. Em entrevista coletiva concedida no
auditório do RIO2C, Leonardo afirmou que o principal objetivo da indústria é suspender a
paralisação e restaura a segurança jurídica para que a indústria possa seguir suas atividades.
Comentando o recolhimento da Contribuição para o Desenvolvimento do Cinema e do Audiovisual
(CONDECINE), paga por todas as produções brasileiras, Edde disse: “Não é possível que uma
atividade que gera seu próprio combustível seja prejudicada por uma disputa entre duas entidades
governamentais”, referindo-se a acórdão do TCU apontando irregularidades na prestação de contas
da ANCINE. Criticou também o fato de a paralisação só ficar conhecida do público graças a um
vazamento à imprensa. Inicialmente, a intenção era que o comunicado tivesse sua circulação restrita
ao âmbito interno da agência. A Presidente do SICAESP, Simone de Mendonça, reclama que a
ANCINE extrapola suas atribuições no despacho. Considera a ação contrária aos interesses da
produção nacional. “Vamos tomar todas as ações necessárias para impedir o colapso da indústria”.