PCDF ouve professora acusada de maltratar alunos autistas em escola pública

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Escola Classe 8 do Guará IIF — Foto: Reprodução TV

Samantha Christine Soares Gurgel prestou depoimento na 4ª Delegacia de Polícia, no Guará, na tarde desta quinta-feira (6). Delegado diz que vai instaurar inquérito e ‘remeter ao judiciário’

A Polícia Civil do Distrito Federal ouviu, na tarde desta quinta-feira (6), a professora acusada de maltratar alunos autistas da Escola Classe 8, do Guará . Samantha Christine Soares Gurgel prestou depoimento na 4ª DP. também no Guará.

O delegado Anderson Espíndola disse que vai instaurar o inquérito e “remeter ao judiciário”.

“Até o momento, nós temos três mães de crianças que compareceram à delegacia e estão acusando professores da unidade de terem maltratado os filhos deles, com gestos, com palavras, nada de agressão física. Esses casos estão sendo investigados”, diz o delegado.

O caso veio à tona após uma mãe perceber a mudança de comportamento do filho, um menino autista de 11 anos, que apresentou ansiedade na hora de ir para a escola. Ela decidiu colocar um tablet com o gravador de voz ligado dentro da mochila da criança, que registrou as falas da professora (saiba mais abaixo).

Depois da divulgação da caso, mais duas mães de meninos com espectro autista procuraram a Polícia Civil do Distrito Federal para denunciar a professora. Segundo o delegado, Samantha não é a única professora apontada pelas mães.

“A informação que nós temos é que seriam cinquenta crianças portadores do espectro autista na escola. Em cada sala são quatro crianças e dois professores, então não dá pra individualizar a conduta de quais professores, até porque cada duas crianças dessas tem uma professora especifica”, diz delegado.

Espíndola informou que uma das mães foi até à delegacia e falou de uma professora, “que não é a do áudio”, mas que está na mesma sala. “A mãe aponta como se ela tivesse tido uma conduta omissiva uma conduta conivente com relação aqueles fatos”.

A Secretaria de Educação disse que um professor está substituindo Samantha porque ela está de licença. A reportagem tenta contato com a defesa da professora.

Fachada da 4ª Delegacia de Polícia, no Guará, no Distrito Federal — Foto: Reprodução TV

‘Mexe a boca para falar’

Marina Valente, que decidiu gravar a aula do filho, disse que identificou que as crianças eram “vítimas de violência psicológica”. Em uma das conversas divulgadas, a professora é agressiva com os alunos.

“Fala direito, está morto? Mexe a boca para falar”, disse a professora para um dos alunos (ouça áudio acima).

A mãe disse que, após ver o tratamento da professora com os alunos, procurou a direção da escola. No entanto, de acordo com ela, a diretora informou que não poderia fazer nada, porque a educadora era concursada.

“Meu filho começou a apresentar alterações comportamentais, demonstrações de crise de ansiedade na hora de ir para escola”, disse Marina.

Ela conta que o menino de 11 anos passou a ter sintomas de ansiedade e começou a se automutilar por causa do tratamento recebido dentro de sala de aula.

Em seguida, a mãe procurou a 4ª Delegacia de Polícia, no Guará. Segundo a investigação, a professora também registrou um boletim de ocorrência contra a família, já que a história foi exposta em redes sociais e fotos da suspeita foram divulgadas.

Mudanças de comportamento

Uma das outras mães que procuraram a delegacia contou que o filho dela, de 9 anos, começou a apresentar mudanças de comportamento. “Ele vinha muito calado e meu filho é uma criança muito alegre, sorridente, mas estava com um semblante triste”, disse.

Ela conta que já tinha percebido a falta de paciência da professora com o filho dela, mas que se assustou quando o filho parou de se comunicar. Tâmara teve certeza do que tinha acontecido quando os áudios das aulas foram divulgados.

“Quando ouvi o áudio e comprovei o choro do meu filho, passei a manhã inteira chorando”, contou.

Patrícia Oliveira é mãe de um menino autista de 12 anos, que também é aluno de Samantha. De acordo com ela, o filho passou a ser agressivo e tentou fugir de casa.

“Gabriel ficou muito agressivo. Ele sempre foi um doce de criança, sempre muito carinhoso, esperto e solícito, mas hoje não”, contou a mãe.

Fonte: G1

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