Inscrições para Educação de Jovens e Adultos vão até domingo (9)

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Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

Conclusão dos estudos transforma a vida de formandos, que recebem o tão sonhado diploma e se habilitam ao Enem. Modalidade beneficia 35 mil estudantes no DF

O servidor público federal Valdir Correa, 61 anos, é só alegria. Prestes a concluir o 2º ano do ensino médio na Educação de Jovens e Adultos (EJA), já está ansioso para concluir os estudos e entrar na faculdade. Pai de quatro filhos e avô de três netos, ele acredita que a volta à escola renovou a sua vida.

“Me tornei pai jovem, e parei de estudar para apoiar minha família. Só tinha o ensino fundamental, então fui me dedicar na criação e nos estudos dos meus filhos e até da minha esposa. Depois disso tudo, vi que tinha chegado a minha hora. Aprendi muito com a vida, e para viver é preciso ter uma base. A sala de aula ensina muito, muda a forma de pensar. E o mais importante, o conhecimento, que ninguém te toma”, declara Valdir.

A EJA tem transformado a vida de milhares de estudantes que retornam à sala de aula após abandonarem os estudos por diversas adversidades na juventude. Até o próximo domingo (9), a Secretaria de Educação (SEE) está com as inscrições abertas para as pessoas que tenham interesse em retomar os estudos na idade adulta. As inscrições podem ser feitas no site da SEE ou pela Central 156, opção 2.

A modalidade se destina à população a partir dos 15 anos que precisa iniciar ou retomar os estudos e concluir o ensino médio. Atualmente, mais de 35 mil alunos estão matriculados na EJA no DF, em 95 escolas, vinculadas às 14 regionais de ensino.

Entusiasta da EJA, o estudante do Centro Educacional 2 de Taguatinga Sul acredita que o ensino da modalidade é um diferencial para os alunos. “Tive dificuldade no primeiro ano, porque da minha época para agora as matérias mudaram muito, e o ensino também, mas a cada momento que tenho, eu pesquiso e estudo. Hoje falo da EJA para todos que conheço, mostro os conteúdos que fazem parte do nosso dia a dia. Agora, vou fazer o Enem e ingressar na faculdade”, completa Valdir.

“Aprendi muito com a vida, e para viver é preciso ter uma base. A sala de aula ensina muito, muda a forma de pensar”, diz Valdir Correa, 61 anos

Diferenciais da modalidade

A professora de história e apoio pedagógico da modalidade de ensino do CED 2, Valéria Lopes, explica que o diferencial da metodologia da EJA é um grande atrativo para os alunos. “Trabalhamos com uma metodologia semestral, ou seja, cada ano letivo é um semestre. O ensino médio tradicional, que é feito em três anos, na EJA, se eles seguem a grade completa, terminam em um ano e meio”, explica. “São conteúdos mais específicos, dentro daquilo que é mais pertinente para o aluno. Focamos na realidade dele, porque o tempo é muito curto”, completa.

“Vim do Maranhão para ter uma vida melhor em Brasília, lá eu tinha que trabalhar ou morria de fome e fui obrigado a parar de estudar. Chegando aqui, tive todo o apoio dos professores e em breve vou cursar faculdade de Gastronomia”, diz o aluno Fernando Pereira

Valéria enfatiza que os professores da EJA precisam ter um olhar além dos conhecimentos didáticos. “É um olhar de empatia com as dificuldades que eles têm para aliar o estudo com a vida pessoal. Então, ajudamos a fazer o cadastro do passe estudantil, a inscrição do Enem. Fazemos de tudo para que eles não desistam, porque muitas vezes eles estão a um passo da desistência. Somos o último elo dentro de uma sociedade mais justa e cheia de oportunidades.”

O aluno do 3° ano Fernando Pereira, 33, se emociona ao dizer que a EJA possibilitou a ele visualizar um futuro melhor. “Por essa possibilidade de cursar tudo em um ano e meio, se não fosse a EJA eu não ia estudar mais. Vim do Maranhão para ter uma vida melhor em Brasília, lá eu tinha que trabalhar ou morria de fome e fui obrigado a parar de estudar. Chegando aqui, tive todo o apoio dos professores e em breve vou cursar faculdade de Gastronomia”, afirma.

Matrículas

Para atrair cada vez mais alunos para a modalidade de ensino, a Secretaria de Educação do DF, em parceria com as regionais de ensino, tem feito uma busca ativa pelos alunos próximo às suas residências e aos pontos de mais movimentados das regiões administrativas que apresentam maiores índices de analfabetismo entre os adultos.

“O público da EJA são, em sua maioria, trabalhadores do mercado informal, um público vulnerável. A campanha de busca ativa para atingir essas pessoas ultrapassa as redes sociais. É um trabalho de convencimento, que envolve um conjunto de ações da secretaria e das regionais de ensino, com entrega de materiais impressos, como panfletos, cartazes, parcerias com rádios comunitárias, carros de som e a abordagem direta”, explica a diretora de Educação de Jovens e Adultos da SEE, Lilian Sena. “Eles [os adultos] têm uma dificuldade de compreender que é um direito dele e um dever do Estado”, completa.

A diretora da SEE destaca que os alunos inscritos terão entre os dias 24 e 28 deste mês para entregar a documentação necessária na escola e efetivar a matrícula. “Colocamos uma data para facilitar o planejamento do trabalho das escolas e dos professores. Mas se o aluno perder todos os prazos, ele pode procurar uma escola de EJA próxima de casa ou do trabalho e se matricular a qualquer momento”, enfatiza Sena.

A SEE ressalta que não é um impedimento para matrícula caso o aluno não tenha um histórico escolar. No início do ano letivo, o estudante faz um teste de classificação, que serve como um diagnóstico para identificar o nível de escolaridade do aprendiz.

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