Brasil completou dois anos sem a infecção. Vacinação foi fundamental para eliminar a doença, mas é necessário manter a adesão em alta
Unidades básicas de saúde do Distrito Federal e no restante do país contam com vacinas contra o sarampo para imunizar desde bebês a partir de um ano de idade até adultos com 59 anos. O resultado desse esforço é que o Brasil atingiu nesta semana a marca de dois anos livre da doença. No Distrito Federal, o último caso foi registrado em fevereiro de 2020, há mais de quatro anos.
“A eliminação do sarampo, que era uma das principais causas de mortalidade e morbidade infantil antes da introdução das vacinas de maneira ampla, é consequência direta do tremendo sucesso das campanhas de vacinação”, comemora o assessor de mobilização institucional e social para a prevenção de endemias da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Victor Bertollo Gomes Porto. No DF, são mais de 100 salas de vacinação com atendimento de segunda a sexta-feira.
Nem sempre foi assim. De acordo com o Ministério da Saúde, em 1990, o Brasil registrou 61.471 casos de sarampo, com 478 mortes, sendo 19 no Distrito Federal, onde foram confirmados 4.372 casos naquele ano. Apesar de a vacina ser aplicada no país desde 1967, só em 1992 foi feita a primeira campanha nacional de vacinação. O número de casos, então, despencou: em 1995, pela primeira vez, ficou abaixo de mil, com 972. Em 2001, houve apenas um caso.
Em 2016, o Brasil recebeu o título de país livre da doença, porém, em 2018, ocorreram 9.325 casos, com um novo pico de 20.901 em 2019. “O sarampo tem uma enorme capacidade de transmissibilidade. Assim, quando começam a aparecer situações de baixa cobertura vacinal fora do Brasil, sobretudo em regiões da América do Norte e Europa, que possuem grande intercâmbio comercial e de pessoas com o país, aumenta de forma significativa a chegada de pessoas infectadas. Se tivermos coberturas vacinais satisfatórias, isto é, acima de 95%, nosso panorama epidemiológico permanece estável. O grande risco acontece quando aqui também as coberturas vacinais diminuem”, alerta o médico infectologia da SES-DF David Urbaez. Foi o que aconteceu entre 2018 e 2022.
Na capital brasileira, onde há trânsito de pessoas de todas as partes do Brasil e do exterior, a SES-DF se mantém atenta a eventuais casos vindos de outros locais. “A grande maioria dos casos confirmados que ocorreram no DF após 1999 foram importados ou relacionados a importação”, explica a diretora de vigilância epidemiológica da SES-DF, Juliane Malta. Os últimos pacientes diagnosticados aqui tinham vínculo epidemiológico com os estados de Rio de Janeiro e São Paulo: as pessoas haviam viajado para lá e foram diagnosticadas com a doença aqui. Todos foram tratados e tiveram alta.
A vigilância também está de olho na adesão às vacinas. Em 2023, a cobertura vacinal contra o sarampo no DF chegou a 73,7% para a segunda dose do imunizante e 89,5% para a primeira aplicação, índices abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS), de 95% para a cobertura vacinal.
“Para continuarmos livre do sarampo, precisamos manter as altas coberturas vacinais, com as cadernetas atualizadas. Lembrando que a vacina contra o sarampo não é só para crianças, é para as pessoas com até 59 anos. Quem está nessa faixa etária, precisa se manter com a vacina tríplice viral atualizada que, além de proteger contra o sarampo, também imuniza contra a caxumba e a rubéola”, finaliza a gerente da Rede de Frio Central da SES-DF, Tereza Luiza Pereira.