Amor que salva vidas: um frasco de leite materno alimenta até dez bebês

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Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

São atendidas crianças nascidas prematuras, com comorbidades ou que, por algum motivo, estão internadas na rede pública de saúde. Para doar, basta que a mãe esteja saudável e interessada

Essencial para a alimentação infantil, o leite materno é considerado padrão ouro devido ao alto nível nutricional. A doação do insumo é considerada um ato de solidariedade e ajuda a salvar milhares de bebês anualmente. De janeiro a novembro deste ano, a Rede de Banco de Leite Humano do Distrito Federal recebeu 20.672,9 litros do alimento, doados por 6.959 mulheres e destinados a 14.256 bebês – alimentados com a doação uma única vez ou por meses.

A doação de leite humano é considerada um ato de solidariedade e ajuda a salvar milhares de bebês anualmente. Um único frasco de 350 ml é capaz de salvar até dez crianças nascidas prematuras, com comorbidades ou que, por algum motivo, estão internadas na rede pública de saúde – Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Por mês, foram coletados 1.879,35 litros de leite humano – quantidade superior à meta de 1.500 litros por mês, que visa manter os estoques em nível de segurança. Além disso, em comparação ao ano passado, os números deste ano são positivos: de janeiro a novembro de 2022, o banco recebeu 16.795,6 litros de leite humano, que alimentaram 13.279 bebês e foram oferecidos por 6.461 mulheres. Nos primeiros 11 meses de 2021, houve a doação de 17.651,8 litros de leite, com participação de 6.085 mulheres e atendimento a 12.725 bebês.

A chefe da Rede de Banco de Leite do DF, Natália Conceição, celebra a adesão das mães à doação, uma vez que um único frasco de 350 ml é capaz de salvar até dez crianças nascidas prematuras, com comorbidades ou que, por algum motivo, estão internadas na rede pública de saúde. “A quantidade de leite materno consumida pelos bebês depende da complexidade do caso. Alguns vão receber 2 ml por horário de dieta, enquanto outros vão receber um pouco mais. Então, cada gota importa. Qualquer quantidade que a mãe puder doar, será aceita pelo nosso banco”, esclarece.

A especialista ressalta a importância de incentivar a doação em dezembro, janeiro e fevereiro, quando os números caem devido à indisponibilidade das doadoras. “O período de férias faz com que a mãe fique atribulada com tantas demandas e acabe não fazendo a doação de leite materno”, conta Conceição. Em janeiro, foram coletados 1.559,9 litros de leite; em fevereiro, 1.574,1 litros. O índice voltou a aumentar em março, com registro de 1.793,1 litros.

Natália Conceição, chefe da Rede de Banco de Leite do DF, celebra a adesão das mães à doação, uma vez que um único frasco de 350 ml é capaz de salvar até dez crianças nascidas prematuras, com comorbidades ou que, por algum motivo, estão internadas na rede pública de saúde

A meta do DF é chegar a 2 mil litros de leite humano doados por mês. O resultado foi alcançado em maio (2.153,7 litros), junho (2.218,9 litros), agosto (2.098,8 litros) e em outubro deste ano (2.020,3 litros). “A doação de leite materno é muito importante para quem vai receber esse leite. Hoje sabemos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) que o leite humano é padrão ouro, então não é somente nutricional, mas imunológico também. É um leite que vai trazer vida para quem vai receber”, afirma.

Amor que alimenta

As doações salvaram a vida da pequena Cecília, nascida em novembro e atualmente internada no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). “Minha bebê nasceu prematura extrema, quando estava com seis meses e meio na barriga”, conta a vendedora Danise Santiago, 25 anos. “Eu não tinha leite à época e fiquei com muito medo de não poder alimentar minha filha. Quantas vezes chorei porque não conseguia amamentar”, relata.

Ana Paula Ribeiro, técnica em enfermagem e mãe de Ana Vitória, que nasceu com 24 semanas, conta que “o banco de leite me ajudou muito, me explicaram que não são todas as mães que vão ter leite assim que o bebê nasce, e hoje eu já consigo doar o meu leite para outras mães que precisam”

Foi quando Danise conheceu o banco de leite do HRT, que supriu a alimentação da pequena Cecília e passou a acompanhar a vendedora no processo de amamentação. “O banco de leite me acolheu, me abraçou, me explicou e ensinou como fazer a ordenha e, então, entendi que minha filha não ficaria sem leite e que teria o banco para me auxiliar”, conta. O cuidado tem feito a diferença no crescimento da menina. “Ela nasceu com 735 gramas e hoje está com 960 gramas; e superesperta, já até abre o olhinho quando falo com ela”, celebra.

Outra mãe beneficiada com o serviço é a técnica em enfermagem Ana Paula Ribeiro, 37. Ela é mãe da pequena Ana Vitória, que veio ao mundo no último dia 10 com apenas 24 semanas de gestação. “Nos três primeiros dias, eu não conseguia ordenhar o leite e precisei de ajuda do banco. Ela começou tomando 1 ml e hoje toma 4 ml, mas já chegou a tomar 5 ml”, conta a mãe. “O banco de leite me ajudou muito, me explicaram que não são todas as mães que vão ter leite assim que o bebê nasce, e hoje eu já consigo doar o meu leite para outras mães que precisam”, conta.

Doe!

Para participar da rede de solidariedade, é simples. Basta estar em boas condições de saúde, amamentando ou ordenhando leite para o próprio filho e ter interesse em doar o alimento. O cadastro pode ser feito pelo telefone 160 (opção 4), no site do Amamenta Brasília ou em algum dos 14 bancos de leite do DF.

Cadastrada, a mãe recebe um kit com máscara, touca e potes esterilizados para fazer a coleta. O material é entregue pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF), que retorna posteriormente para recolherem as doações.

Na data da primeira coleta, a mãe deve identificar a data no pote e, ao fim de cada ordenha, armazená-lo no congelador. Não é preciso encher o pote de uma vez: basta colocar o líquido no frasco que está no congelador com a ajuda de um copo de vidro esterilizado nas próximas ocasiões. A doação deve ser entregue ao banco de leite em até 15 dias.

Mais informações podem ser obtidas neste link.

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