Brasília sedia 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena entre os dias 2 e 11 de dezembro

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1º Festival de Cinema e Cultura Indígena chega a Brasília — Foto: Divulgação/1º FeCCI

Evento, com entrada gratuita, é focado na produção audiovisual indígena. Mais de trinta cineastas das cinco regiões do Brasil participam do festival

O Cine Brasília, no Distrito Federal, recebe, entre os dias 11 de dezembro, o 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI). O evento, idealizado por Takumã Kuikuro, membro da aldeia Kuikuro, é focado na produção audiovisual de cineastas, coletivos e realizadores de origem indígena.

São mais de trinta cineastas participantes e representantes das cinco regiões do Brasil. A programação conta com dez filmes na mostra competitiva, 20 na mostra paralela e outros dez na mostra de convidados. A entrada é gratuita.

“Esse evento é uma semente e faz parte de um movimento maior para que a gente possa fortalecer as produções e o cinema feito pelos povos indígenas”, diz Takumã.

Os filmes foram selecionados por uma curadoria de mulheres indígenas com vasta experiência no audiovisual: Julie Dorrico, Kujaesage Kaiabi, Olinda Tupinambá, Priscila Tapajowara e Renata Aratykyra.

O tema escolhido para a primeira edição do festival é: “como você cuida da sua aldeia?”. O objetivo é refletir sobre o cuidado e a regeneração do meio ambiente como elementos éticos da relação com o espaço em que vivemos.

Indígenas participantes da Mostra Xingu, realizada em setembro. — Foto: Divulgação/Coletivo Kuikuro

Confira os filmes selecionados para a mostra competitiva

  • “Ãjãí: o jogo de cabeça dos Myky e Manoki”;
  • “Amary Otomo Ogopitsa: O Resgate da Memória Amary”;
  • “A Tradicional Família Brasileira Katu”;
  • “Ga vī: a voz do barro”;
  • “Levante Pela Terra”;
  • “Nossos Espíritos Seguem Chegando – Nhe’ẽ kuery jogueru Teri”;
  • “Paola”;
  • “Somos raízes”;
  • “Um Só Ser – O Grande Encontro”;
  • “Xixiá – mestre dos cânticos Fulni-ô”.

Os participantes da mostra competitiva concorrem a melhor filme pelo júri especializado e melhor filme pelo júri popular. Além disso, concorrerão ao prêmio Instituto Alok nas categorias melhor roteiro, melhor direção e melhor fotografia.

O júri especializado é composto pelos cineastas Graciela Guarani, Edgar Kanayakõ Xakriabá e Divino Tserewahú.

Mostra Xingu – primeira mostra de filmes do Alto Xingu, na aldeia Ipatse dos Kuikuro. — Foto: Takuma Kuikuro

Além das exibições, o festival também contará com masterclasses, uma experiência imersiva em VR do filme “Amazônia Viva”, de Estevão Ciavatta com a cacica Raquel Tupinambá e rodas de conversas com diretores, cineastas e parceiros aliados à produção indígena.

Haverá ainda a exposição de uma obra de Aislan Pankararu, artista criador da identidade visual do FeCCIConfira os horários dos filmes aqui.

Para quem quer assistir mas não pode ir até o Cine Brasília, o festival disponibilizará uma exibição online, disponível na plataforma Innsaei.tv.

Força da união de bandeiras

De acordo com Takumã Kuikuro, grande parte das obras é realizada de forma independente. “Temos produções com câmeras de celulares, por exemplo”, conta o diretor do festival.

Kuikuro acredita que, aos poucos, produtoras terão maior interesse nas obras produzidas pelos povos originários. “A gente imagina que o cinema indígena possa ter cada vez mais incentivo, inclusive de políticas de cultura”, afirma.

O líder ainda ressalta que mulheres e indígenas enfrentam dificuldades para o crescimento no cinema brasileiro.

Orgulhoso, ele destaca que o festival busca a união das bandeiras. “Não faço separação de luta, indígenas defendem mulheres, mulheres defendem indígenas, indígenas defendem LGBT’s, LGBT’s defendem indígenas, pretos defendem indígenas, indígenas defendem pretos. É essa a força que movimenta FeCCI”, finaliza.

Atividades prévias

Em agosto, foi realizado o FeCCI Lab, laboratório de projetos audiovisuais. Nele, foram selecionados três curta-metragens para serem desenvolvidos: ‘Afluências’, dirigido por Iasmin Soares, ‘Terra Sem Pecado – Transversal’, dirigido por Marcelo Cuhexê Krahô e ‘Orê Payayá’, dirigido por Edilene Payayá, Sarah Goes da Silva e Alejandro Zywica.

Em outubro, os realizadores participaram de quatro dias de mentoria em Brasília, com representantes da Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), para finalizar os curtas, que serão exibidos durante o festival.

Mostra Xingu — Foto: Coletivo Kuikuro

FeCCI realizou, também, em 17 18 de setembro, a Mostra Xingu – a primeira mostra de filmes do Alto Xingu, na aldeia Ipatse dos Kuikuro. A Mostra contou com um público de 400 pessoas, dos povos Kuikuro, Kalapalo e Wauja.

Além da exibição de filmes, foi construída uma Casa de Cinema permanente e celebrou-se diversas festas e rituais tradicionais xinguanos, como a Festa Duhe (Tawarawana – Festa dos Peixes), a Festa Hugagü (Festa do Pequi), a Festa Yamurikumã (Festa das Mulheres) e o Ritual Takuaga (Ritual da Takuara).

Fonte: G1

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