Vila Telebrasília, símbolo da luta e resistência dos moradores

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Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

Agência Brasília traz a história do bairro que surgiu junto com a construção da capital da República e abriga uma grande comunidade de pioneiros

Logo no final da Asa Sul, às margens do Lago Paranoá existe um bairro que destoa um pouco das outras quadras da região, repleto de áreas verdes e praças arborizadas. A Vila Telebrasília, com 67 anos, recém-completados, e 5,5 mil moradores, mantém um passado bem vivo como símbolos de união e resistência.

Em vista aérea do acampamento montado pela construtora da nova capital da República, a Camargo Corrêa, o que se tornou a Vila Telebrasília – Foto: Wilson Susuki/Arquivo Público

Agência Brasília conta, nesta quinta-feira (21), a história da Vila Telebrasília no #TBTDoDF – um especial de matérias que aproveita a sigla em inglês para Throwback Thursday para mostrar fatos que marcaram o Distrito Federal.

Com uma infraestrutura cada vez melhor e com equipamentos que oferecem lazer e diversão para os moradores, os cuidados com a cidade são vistos ao percorrer as ruas com espaços limpos e arborizados, além do campo sintético, símbolo da cidade, reformado – Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

A Vila Telebrasília surgiu em 1956, como um dos inúmeros acampamentos construídos para alojar as pessoas que chegavam para trabalhar nas obras da construção da nova capital. No final da década, a região abrigava funcionários da Construtora Camargo Corrêa. Com o fim do processo de urbanização, o local se transformou em refúgio dos funcionários das empresas que se deslocaram para instalar os serviços de telefonia no centro do país. Primeiro a Cotelb e, logo em seguida, a Telebrasília, empresa criada para gerenciar esses serviços de telefonia, que mais tarde virou o nome do bairro.

João Almeida, professor que reside há 40 anos na Vila Telebrasília, com a saída da Camargo Corrêa, a manutenção dos moradores no local ficou precarizada e a comunidade resolveu se unir para reivindicar melhorias – Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Anos mais tarde, os funcionários, de posse do alojamento, começaram a repassar e vender os barracos para outras pessoas que chegavam para tentar uma nova vida em Brasília. E foi assim que a cidade começou a crescer. Junto com ela, a luta pela permanência no espaço.

Resistência dos moradores

O professor João Almeida vive na vila há mais de 40 anos e lembra bem do período de acampamento e da trajetória de crescimento da comunidade. “Eu vim pra cá com a minha família no final dos anos 70. Era um acampamento tradicional, com casas de madeira, em uma comunidade pequena e acolhedora. Cheguei aos 17 anos e, logo cedo, começamos a discutir as necessidades dos moradores”, relembra.

Montada em 1956, a hoje Vila Telebrasília era um dos inúmeros acampamentos construídos para alojar as pessoas que chegavam para trabalhar nas obras da construção da nova capital – Foto: Wilson Susuki/Arquivo Público

Segundo ele, com a saída da construtora da cidade, a manutenção dos moradores no local ficou precarizada e a comunidade resolveu se unir para reivindicar melhorias. “Havia a necessidade de manutenção. Então montamos a associação e começamos a lutar pelas nossas causas e pela cidade. Em 1988 demos início a uma grande campanha para regularizar a nossa permanência no local, como um bairro de Brasília”, conta João Almeida.

Dona Maria do Carmo mora na Vila Telebrasília há 35 anos e tem umas história de amor com o local: “Era um assentamento, paguei 8 mil, mas nem me lembro a moeda, em um barraco. Com dez filhos foi muito difícil e uma luta para ficar aqui. Me lembro que mais de 300 famílias ainda foram retiradas da vila. Hoje amo demais morar aqui” – Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Dona Maria do Carmo, de 88 anos, reside na vila há 35 anos e também relata o período que chegou. “Era um assentamento, paguei 8 mil, mas nem me lembro a moeda, em um barraco. Com dez filhos foi muito difícil e uma luta para ficar aqui. Me lembro que mais de 300 famílias ainda foram retiradas da vila. Hoje amo demais morar aqui”, ressalta.

A Praça Resistência se tornou símbolo da luta dos moradores, e aqueles que permaneceram não se arrependeram. Em 1991, a Lei nº 161 garantiu aos moradores o direito de fixação na Vila Telebrasília. Sete anos depois foi aprovado o primeiro projeto urbanístico da região, com os padrões de moradia existentes de ocupação original, com a manutenção da volumetria de edificações baixas e presença de vegetação. A comunidade passou a receber rede de energia elétrica e saneamento básico.

Símbolo da luta dos moradores, a Praça da Resistência simboliza as manifestações feitas para a vila em um bairro com infraestrutura e boas condições de residência – Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“A praça ganhou o nome por conta da luta da comunidade e a placa de entrada na cidade também é símbolo dessas manifestações. Foi feita por nós moradores, quando a partir daí veio água, esgoto, asfalto e as outras benfeitorias”, completa o professor Almeida.

Tempos atuais

Hoje os moradores comemoram e aguardam a finalização do primeiro Centro de Educação da Primeira Infância (Cepi) que está sendo construído na Rua 18 da região. Com investimento de cerca de R$ 5 milhões, a previsão é atender aproximadamente 200 crianças. E os cuidados com a cidade são vistos ao percorrer as ruas com espaços limpos e arborizados, além do campo sintético, símbolo da cidade, reformado.

O administrador do Plano Piloto, Valdemar Medeiros, responsável pela gestão da Vila Telebrasília, garante que está sempre atento aos pedidos da comunidade. “A administração, juntamente com a comunidade e os demais órgãos do GDF, vem trazendo melhorias para a vila, que surgiu em 1956 para abrigar trabalhadores e suas famílias que vieram ajudar na construção de Brasília. É uma comunidade batalhadora, que merece todas as benfeitorias”, declara.

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